quarta-feira, 22 de julho de 2009

Meu primeiro encontro com amor

Ainda era madrugada. Nem sei se dormi. A espera deixou-me ansioso. Imaginações tomaram conta da minha mente. Por um instante, acho que dormi acordado. 

Quando ouvi aquela voz dizendo “vamos nos arrumar”, não teve muito significado para mim, pois eu já estava arrumado. A minha noite foi dedicada somente a isso, preparar o dia seguinte. 

Pegamos a estrada, 3h da manhã, em um dia das férias de julho de 1989. A cada instante que passava, mas ansioso ficava, mais imaginações vinham à cabeça. Enfim, chegamos à Salinopólis, litoral paraense, às 6h. O nascer do sol revelava aos meus olhos um espetáculo nunca visto, inédito a íris e às pupilas dos meus olhos. Meu encontro com Atlântico, depois de muita ânsia e imaginações, aconteceu. Ele era muito maior e muito mais salgado do que esperava.

O carro mal parou, eu saí correndo ao seu encontro. Quanto mais me aproximava, menor eu ficava. Mas não tive medo. Lancei-me ao mar por inteiro. Senti a força de suas ondas e o sabor de suas águas, literalmente, pois lembro muito bem que engoli uma boa quantidade. Minutos depois, estávamos numa boa. Quem olhava poderia achar que éramos velhos amigos. Já não me sentia pequeno perto dele, bem como, não tomei mais suas águas. Agora, eu já me sentia parte do seu contexto. Eu não era somente mais um banhista, mas sim um descobridor dos sete mares, sendo que essa era a minha primeira descoberta.

Percorri sua extensão em sentido norte e seu oposto. Procurei e encontrei lugares para conversar a sós com meu novo amigo, falar alguns segredos, bem como ouvir, nas conchas, os seus. Brincamos de escrever nossos nomes na areia. Eu escrevia e ele apagava. Assim ficamos boa parte do tempo. Construímos castelos, depois os desmoronamos, era parte da brincadeira. Construir e destruir. Assim, como as ondas vêm e voltam. Assim, como eu, fui, mas tinha que voltar.

17h. Nosso primeiro encontro chegava ao fim. O sol que nasceu às 6h, brilhou o dia todo, proporcionava mais um espetáculo caminhando ao oriente. Anunciava a hora da despedida. Novamente, escrevi meu nome na areia para ser levado pelas ondas e pedi ao meu amigo que o deixasse guardado em seu caderno de anotações. Acredito que assim ele fez, pois onde encontro meu querido amigo Atlântico, sou muito bem recebido em suas areias encharcadas pelas águas salgadas que lá no fundo tem um sabor especial. Seu abraço vem em forma de uma onda, grande ou pequena, mas com certeza aconchegante. Esse é o mar de tantas histórias. Passou a fazer da minha vida, nesse julho de 1989 e até hoje não nos separamos. Somos velhos e grandes amigos.

E, como afirma Caymmi, “o mar quando quebra na praia, é bonito, é bonito”.

Assista o vídeo de Caymmi cantando a música "O mar".

domingo, 19 de julho de 2009

No parque de diversões

O amor aparace...


...em meio à diversão...


...em meio aos brinquedos...


...em meio à sorte...


...e na fantasia de subir e girar
em torno de sí mesmo.


By Roberto Aguiar
Carmopólis/SE
Sexta, 17 de julho de 2009.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Feira de Caruaru

A diversidade da cultura nordestina reunida em um só lugar

Quando alguém ou algum meio de comunicação fala sobre Caruaru/PE é sempre se referindo à cidade do maior festejo junino do nordeste brasileiro. È certo, também, que esse título é disputado com Campinha Grande/PB e Aracaju/SE. Mas, não será sobre esse assunto que iremos tratar aqui. A capital do agreste nos reserva outra façanha, reúne em um só lugar a diversidade da cultura nordestina, na Feira de Caruaru.

Artesanato, ervas, cordel e até produtos importados. De tudo se encontra. Como canta Luiz Gonzaga, na música A feira de Caruaru (poeta Onildo Almeida), “tudo o que há no mundo, nela tem para se vender”. A feira é reunião de um conjunto de outras feiras, em torno de 15, que juntas formam a feira-mãe, um grande caldeirão cultural.

A mais importante feira do interior do nordeste, iniciou-se ainda no século 17, em uma antiga fazenda onde os viajantes paravam para se abastecer num poço. Hoje, a feira funciona na parte central da cidade, no Parque 18 de maio, sendo que até 1992, funcionava no Largo da Igreja da Conceição.

O movimento acontece em todos os dias da semana. A feira de artesanato nunca é desmontada. Já a feira do troca-troca, onde nada se vende, tudo se troca (bicicleta, rádio, celular e outros produtos) acontece aos sábados. A partir da terça-feira, é montada a Feira da Sulanca, popularmente chamada, “Feira do Paraguai”, já que os produtos importados são aí negociados. A feira de ervas apresenta a medicina alternativa com seus remédios populares, uma tradição herdada dos antepassados.

A Feira de Caruaru é um grande baú encantado. É como uma cartola de um mágico, várias surpresas aparecem em um passe de mágica. São mais de dois quilômetros de ruas ocupadas. Centenas de barracas coloridas vendendo uma diversidade de produtos. Chapéus de palha, de couro e tecido, cestas, objetos de barro e cerâmica, brinquedos populares, gaiolas, estilingue, roupas, calçados, bolsas, panelas e outros utensílios para cozinha, móveis, animais, ferragens, miudezas, rádios, artigos eletrônicos importados e muitos outros. No caldeirão cultural, conjuntos musicais e bandas de pífanos se apresentam fazendo uma mistura entre o comércio, a festa e a arte. Cegos tocam sanfona, violeiros e cantadores lançam seus desafios e os vendedores de literatura de cordel anunciam através de um alto-falante as proezas dos cangaceiros.

No ano de 2008, a Feira de Caruaru foi tombada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). A feira que permitiu que a venda da poesia popular, pendurada em cordões, recebe-se o nome de literatura de cordel, hoje, é um patrimônio de todos nós.

Caruaru está localizada a 130 km de Recife. É uma cidade ícone da cultura popular nordestina. Com certeza, conhecer Caruaru é uma boa pedida.

Fotos