domingo, 13 de março de 2011

Passeando com Capote



Assim como existe amor à primeira vista, posso afirmar que há amor à primeira lida. Foi assim que nasceu o meu amor pelo escritor americano Truman Capote. Ao ler seu romance de não ficção A Sangue Frio [1966], um dos maiores livros do século XX, fui fisgado pela sua escrita literária, descritiva e envolvente. Você começa a ler e continua lendo como se estivesse vendo a cena, uma fotografia do cenário é construída a sua frente e você se sente como se estivesse na estória.

A palavra brilhante é pequena demais para classificar Capote. Não sei se encontraria uma palavra com esse poder. Mais uma coisa é certa, conforme consta na apresentação do livro Ensaios [2010], talvez nenhum escritor do século XX tenha sido tão observador e elegante quanto Truman Capote ao retratar seu tempo.

No inicio do mês de fevereiro, viajei para Paulo Afonso/Bahia, uma linda cidade cravada no meio do sertão. Foram 5h de viagem. Aproveitei o tempo para ler Ensaios. A cada ensaio lido, mas fascinado ficava com Capote. Os primeiros ensaios do livro são sobres viagens por ele realizadas. A forma como descreve cada lugar, objetos e pessoas, vai passando um filme em nossa cabeça. Começamos ver as cenas como se estivéssemos em frente à TV assistindo uma novela, com personagens que falam à sua frente.

A minha amizade com Capote vem amadurecendo. Não posso afirmar que somos amigos íntimos, mas posso dizer que já somos bons amigos. O que me fascina em Capote não é o conteúdo de sua escrita, não que tenho desprezo por ele, mas a forma como descreve seu conteúdo. A sua escrita elegante, às vezes irônica às vezes triste, sem pedantismo, é o que nos une.

Em Paulo Afonso visitei lindos lugares, tomei banho nas cachoeiras do Velho Chico, conheci novas pessoas. No intervalo de descanso pegava meu livro e começava a viajar junto com Capote em suas viagens descritas nos ensaios. Eu tinha agendado um passeio de catamarã pelas águas azuis do Rio São Francisco. Em meio à leitura de um dos ensaios, resolvi levar Capote comigo para o passeio. Achava que tinha por obrigação leva-lo comigo, pois em seus ensaios, com sua escrita, já tinha viajado com ele para vários países e cidades americanas. Era a minha vez de retribuir. Assim fiz.

Tenho certeza que Truman Capote faria um belíssimo ensaio sobre o nosso passeio. Com suas palavras o Velho Chico, suas águas límpidas e seus grandes canyons, ganhariam um novo significado. Como Capote não está vivo cabe a mim esse desafio. Irei escrever, ainda não sei quando. As ideias ainda fermentam em minha mente.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Pierrô

Na terça-feira de carnaval, estava atravessando umas das pontes do Recife Antigo, vi que tinha uma pessoa sentada em um banco na beira do cais, com a cabeça baixa, triste. Olhei. A pessoa olhou para mim. Continuou sentado. Eu o reconheci. Era o Pierrô.

Ao chegar no Marco Zero entendi a tristeza do palhaço. A Colombina rodopiava, abraçada, cheia de felicidades com o Arlequim.

sábado, 5 de março de 2011

Colombina

Ontem na primeira noite de carnaval em Recife, olhava para todas as pessoas à sua procura. Em todos os rostos eu só via você, mas ao mesmo tempo, nos rostos carnavalescos, não via suas palavras, sua escrita, sua música. Logo despertava e saia como Pierrô em busca da sua Colombina.