sábado, 14 de maio de 2011

Palavra gostosa

Senti a necessidade de escrever um texto. Colocar para fora alguma coisa que me atormentava, sufocava fortemente. Sentei à frente d0 computador, a vontade de escrever não ia embora, da mesma forma que as palavras não vinham. Resolvi vasculhar minha mente em busca de letras soltas, no intuito de formar palavras. Tentativa em vão.

A angústia pela escrita acelerava. Meus dedos precisavam sentir a textura do teclado. Eu precisava libertar o que me aprisionava. Passeando, vi uma palavra ao lado esquerdo do meu cérebro. Fui em sua direção. Quanto mais de pressa eu caminhava, mas distante ela ficava de mim. Em pânico comecei gritar por ela, a chamar: palavra, palavra, palavra. Chamei, chamei chamei...A falta de sua atenção começou a transformar meu pânico em ódio, por impulso gritei:

- Foda-se!

Aquela palavra que deslizava pelo meu cérebro, como patins em pista de gelo, que poderia ser o remédio para a minha aflição, virou-se para mim e olhou, olhou, olhou...disse de uma forma inesperada:

- Vamos juntos!

Fiquei sem ação, fiquei sem palavras para escrever meu texto e sem palavras para responder ao ousado convite daquele fonema. A sorte que meu cérebro ainda funcionava. Pensei, pensei, pensei...olhei firme nos olhos pretos que decoravam o fino rosto daquela palavra. Não resisti. Aceitei o convite. Confesso: foi bom demais.