terça-feira, 30 de junho de 2009

Uma viagem musical


Aquele botão vermelho tem horário certo para ser apertado. Todas as noites, depois do jantar, lá pelas 20h, ele pega a extensão branca, de mais ou menos três metros, liga na tomada localizada no pátio e a estende até a calçada. Volta, pega sua cadeira preguiçosa de pano xadrez e seu parceiro prateado. Senta e o liga. O botão vermelho foi acionado, a estação é sempre a mesma. Assim, começa a viagem musical de um Senhor de 70 anos.

O parograma que rola na rádio só toca as músicas do passado. Aquelas que são tiradas lá do fundo do baú. Nessa rádio, há uma particularidade, toca muitas músicas regionais, músicas da terra, onde os artistas locais têm seu espaço reservado. O programa é literalmente, uma volta ao passado.

A concentração com o que rola na rádio é visível na face do ouvinte. Vira e mexe ele fala sozinho. Como se estivesse sussurrando algumas de suas lembranças que veio à mente. Quando eu estava por lá, procurava observá-lo e algumas vezes, cheguei a compartilhar desse momento.

Pelo fato de está sentado na calçada, em frente a sua casa, é natural que sua esposa, filhos, netos e vizinhos, às vezes, formem uma roda de conversa à sua proximidade. Nem mesmo isso atrapalha a sua concentração. Sua viagem com a música segue naturalmente.

Eu ficava observando. Acho que ele nunca percebia isso. Não gostava de interrompê-lo. O que notei é que esse horário é muito importante para esse Senhor. É tão importante que ele continua cumprindo sua rotina religiosamente todas as noites.

É uma pena que não posso mais observa-lo com mais freqüência. A distância tem impedido isso. Hoje, na verdade, sempre que posso, interrompo sua viagem musical quando peço para que a mamãe o chame para falar comigo ao telefone. Por alguns minutos, o programa de rádio divide a atenção desse Senhor comigo.

Antes das 22h, o movimento inverso é realizado. O botão vermelho é mais uma vez acionado. O rádio foi desligado e a viagem musical do meu Pai chegou ao fim.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

O valor da amizade

Tomar banho, jantar e ir ao encontro com os amigos. Era assim a rotina de todos os adolescentes que moravam naquele quarteirão.
Algumas noites íamos à praça do centro da cidade, mas não era esse nosso programa favorito. Curtíamos nosso bairro. Então, nossos programas noturnos aconteciam por lá mesmo, em especial, na nossa própria rua, em nosso quarteirão.

O ponto de encontro era o disputado banco de madeira localizado à frente da casa de uma vizinha. Nele cabiam exatamente três pessoas. A disputa por uma vaga era ferrenha.

Um a um, a molecada ia chegando. Em torno ao banco, formava-se uma roda. Uns pegavam cadeiras nas suas casas, outros sentavam no chão sobre suas sandálias. O importante era entrar na roda.

Meninos e meninas estavam todas as noites no famoso banco. Muitas conversas, discussões, algumas brigas, fofocas e armações. De tudo um pouco por lá se passou. Antes de iniciarmos qualquer brincadeira ou aventura era debatido no banco, ou melhor, na roda. Muitas vezes, nem saímos dele. Ficávamos lá conversando. Alguns adultos entravam na roda e, vez e outra, rolava até um cafezinho com aquele delicioso bolo de macaxeira que a mãe do nosso amigo preparava, diga-se de passagem, a dona do banco. Dona no sentido formal já que ficava em frente a sua casa, mas era nosso por utilidade.

O banco recebia nossos cuidados. Sempre estávamos revitalizando-o com madeiras novas. Esse serviço era feito por nós mesmo. Por incrível que pareça, nas reformas que fizemos, nunca aumentamos seu tamanho. Sua medida era exatamente para três pessoas normais, digo, não obesas. A energia do banco vinha justamente do seu tamanho. Era mais que ponto de encontro, era a peça inicial da roda que se formava. Aumentar seu tamanho significava acabar com a roda, ou seja, dar fim ao que mais tinha de bonito entre nós adolescentes daquele quarteirão, a coletividade.

Os adolescentes cresceram. Caminhos diferentes foram construídos. Mas, nossas amizades estão até hoje ligadas pela ciranda construída em torno ao simples banco de madeira. Infelizmente, hoje não há mais aquele banco e nenhum outro foi posto em seu lugar. Os atuais adolescentes que vivem nesse quarteirão precisam construir um ponto de encontro para descobrir o valor da amizade.

Quadrilha Tatu na Roça: tradição, alegria e irreverência

Os valores da modernidade ainda não conseguiram abalar o brilho da festa de São João, pelo menos para aqueles que participam da quadrilha Tatu na Roça. Alegria, irreverência e, acima de tudo, a tradição são as características daqueles que fazem das ruas de Aracaju o palco da festa.

A festa é totalmente financiada pelos seus brincantes e entidades dos movimentos sociais. A quadrilha leva para as ruas a alegria de brincar o São João acompanhado de um tema político. Esse ano o tema foi à campanha “O petróleo tem que ser nosso. Por uma Petrobras 100% estatal”. O Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro) e a Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas) foram mais uma vez grandes apoiadores dessa tradicional festa.

São 23 anos de tradição. Mais de 200 brincantes percorrem as ruas de Aracaju em carroças enfeitadas. Homens vestidos de mulheres e mulheres vestidos de homens formam personagem para lá de irreverentes. Sem esquecer o tradicional casal caipira que durante o percurso realizam o casamento na roça. Em alguns pontos as carroças são paradas, os brincantes improvisam a quadrilha e o arrasta pé começa.

Por onde passa, a quadrilha ganha os aplausos e a simpatia da população. As calçadas são tomadas por moradores que brincam com a quadrilha e seus personagens. Fotos, filmagens, beijos, sorrisos, oferecimentos de comidas e bebidas, fogos de artifícios e aplausos. Foliões da quadrilha e seus admiradores fazem uma só festa, uma só homenagem a São João.

Eu não poderia ficar fora dessa festa. Impossível. Há 3 anos participo com muita alegria. Quem vê se encanta e quem participa descobre o verdadeiro significado da maior comemoração da cultura popular nordestina.

É São João. Parabéns à Quadrilha Tatu na Roça. A cada ano que passa a tradição é mantida e a independência da festa é quem garante esse lindo resultado. Mais uma vez, parabéns.


IndicaçõesQuem quiser conhecer melhor a Quadrilha Tatu na Roça basta acessar o site: http://www.tatunaroca.com/. Veja a história, fotos e o percurso da quadrilha. Dê uma espiadinha.

LinksMatérias que saíram nos telejornais locais. Veja a animação da Quadrilha Tatu na Roça:
TV Atalaia: http://www.atalaiaagora.com.br/galeria_video.php?v=1354

TV Sergipe:
http://emsergipe.globo.com/multimidia/busca.asp?modo=jornaldia&chave=setv2&data1=20090624&data2=20090624


Fotos
Algumas fotos da tradicional festa. Êita que a folia foi boa.

Foto 1 - Trio com a faixa da Quadrilha e da Campanha - Petrobras 100% estatal


Foto 2 - Eu e Fernando

Foto 3 -Valéria, Raquel, Zeza e Tati


Foto 4 - Ativistas do Sindicato dos Petroleiros e da Conlutas


Foto 5 - Cortejo das carroças

sábado, 13 de junho de 2009

Primeira produção

Vídeo produzido como trabalho da disciplina Introdução à Comunicação.
Eu, João, Mari, Victor, Délio e Nicelma fomos os grandes produtores desse trabalho. Nossa ida ao Batistão está retratada em 5 minutos.
Foi tudo de bom. Isso foi apenas o começo.
Flw

"Não sabendo que era impossível, fui lá e fiz"