segunda-feira, 29 de junho de 2009

O valor da amizade

Tomar banho, jantar e ir ao encontro com os amigos. Era assim a rotina de todos os adolescentes que moravam naquele quarteirão.
Algumas noites íamos à praça do centro da cidade, mas não era esse nosso programa favorito. Curtíamos nosso bairro. Então, nossos programas noturnos aconteciam por lá mesmo, em especial, na nossa própria rua, em nosso quarteirão.

O ponto de encontro era o disputado banco de madeira localizado à frente da casa de uma vizinha. Nele cabiam exatamente três pessoas. A disputa por uma vaga era ferrenha.

Um a um, a molecada ia chegando. Em torno ao banco, formava-se uma roda. Uns pegavam cadeiras nas suas casas, outros sentavam no chão sobre suas sandálias. O importante era entrar na roda.

Meninos e meninas estavam todas as noites no famoso banco. Muitas conversas, discussões, algumas brigas, fofocas e armações. De tudo um pouco por lá se passou. Antes de iniciarmos qualquer brincadeira ou aventura era debatido no banco, ou melhor, na roda. Muitas vezes, nem saímos dele. Ficávamos lá conversando. Alguns adultos entravam na roda e, vez e outra, rolava até um cafezinho com aquele delicioso bolo de macaxeira que a mãe do nosso amigo preparava, diga-se de passagem, a dona do banco. Dona no sentido formal já que ficava em frente a sua casa, mas era nosso por utilidade.

O banco recebia nossos cuidados. Sempre estávamos revitalizando-o com madeiras novas. Esse serviço era feito por nós mesmo. Por incrível que pareça, nas reformas que fizemos, nunca aumentamos seu tamanho. Sua medida era exatamente para três pessoas normais, digo, não obesas. A energia do banco vinha justamente do seu tamanho. Era mais que ponto de encontro, era a peça inicial da roda que se formava. Aumentar seu tamanho significava acabar com a roda, ou seja, dar fim ao que mais tinha de bonito entre nós adolescentes daquele quarteirão, a coletividade.

Os adolescentes cresceram. Caminhos diferentes foram construídos. Mas, nossas amizades estão até hoje ligadas pela ciranda construída em torno ao simples banco de madeira. Infelizmente, hoje não há mais aquele banco e nenhum outro foi posto em seu lugar. Os atuais adolescentes que vivem nesse quarteirão precisam construir um ponto de encontro para descobrir o valor da amizade.

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