quarta-feira, 25 de julho de 2012

Ônibus, estrada e serão

Não sei onde estou. No mapa, o google informa que estou no sertão do Rio Grande do Norte. Uma bola azul pisca constantemente como quem diz "oi, você está aqui". Não sei se quero saber onde estou. O que interessa saber a localização geográfica, a rodovia, o quilometro, latitude e longitude se estou preso dentro de ônibus azul com vidro fumê?

A terra árida, os rios sem águas, o verde que resiste ao longe confirmam que estou no sertão. Mas isso pouco vale, pois os vidros não deixam eu sentir o cheiro da terra, o vento bater em meu rosto, muitos menos ouvir o canto do carcará, a ave que pega, mata e come.

O que tenho ao meu redor é um completo silêncio, é como se eu estivesse só. A pessoa ao meu lado direito dorme, assim como 90% dos demais presente no veículo. Ao meu lado esquerdo, uma senhora negra, cabelos escovados, coberta com uma manta xadrez, ler para ver o tempo passar. Acho que é a única que está preenchendo seu tempo com algo mais útil. Seu óculos charmoso de cor marrom ajuda na leitura ao mesmo tempo em que deixa sua face mais bonita.

A minha frente, a vaga destinada aos idosos está vazia. Pela madrugada, um senhor que falava alto e tossia como uma guariba, desceu no sertão pernambucano. Sem sua presença o vazio aumentou sua proporção. A tosse do idoso pelo menos me avisava que não estava sozinho.

Neste momento, esse é o terceiro motorista que nos conduz. Nunca soubemos o nome de nenhum deles. Nunca se apresentaram, não disseram boa tarde, boa noite, bom dia, desde a partida em Aracaju. A única coisa que sei deste que nos conduz é que gosta do Queen e forró pé de serra, sonoridade que rolou ao amanhecer.

São 09:14h, o google informa no mapa que estamos em Mossoró, no Rio Grande do Norte. Agora que vamos tomar café. Por isso, vou parar de escrever, estou com fome.

16/07/2012

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