domingo, 18 de julho de 2010

Você está em CaZuZa

17 anos de vida.
Mas, não estou perdido,
Sei onde está o meu umbigo
E onde mora o inimigo.
Sei com quem quero juntar os trapos

Com essa Mulher Vermelha,
Esse vermelho sangue
Que mancha o branco do dente
E vai parir um novo filho
Sem o homem-níquel

Mas posso também casar com teus homens
Porque no teu balaio
Só não vale ficar parado.

Vou te deixar virada,
Saia desta vida de migalhas
Desses homens que te tratam
Como um vento que passou
Deixa eu te levar então
Pra onde eu sei que a gente vai brilhar,
Em Citté Soleil ou em Gaza, lá é tua praça!

Você pode até se demorar a me encontrar,
Mas aos 50, eu tenho apenas 17
E ainda estou pintando o sete
Mas se você achar
Que eu tô derrotado...
Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta
Eu vejo o futuro repetir o passado
E sou capaz de ferver na tua boca
Cravos e Maios
E uma nova Primavera de Praga
Eu posso: um ano de 89 mudado!

Minha sede de viver é uma ameaça atômica
Capaz de fazer aquele garoto que queria mudar o mundo
E ficou em cima do muro,
Pular nos teus braços, sem medo, sem cansaço!

Por que você me olha com esses olhos de loucura?
A burguesia fede
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia
E quando nos sobrar só à pele,
As ruas serão tuas, Mulher Vermelha,
Tua grinalda é esta bandeira sem fronteira
Nadando contra a corrente...

Me dê de presente o teu bis
Outubro que sempre quis
Me dê de presente o teu bis
Outubro que sempre quis

Vem ouvir Cazuza comigo
Para ele nos ensinar
Que os perigos dos jornais
Não estão nas páginas policiais
E que não é a doença que faz o doente,
E que o inverso é a cura, é a luta:

Vamos pra rua
Vamos pra rua
Vamos pra rua
Vamos pra rua

A Cazuza eu só pediria:
“Imagine no possessions” (imagine não existir posses)
Não me surpreenderia se ele conseguisse,
Porque o “bom burguês”
Foi o único erro de sua poesia!

[R.T]

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Homem-níquel: Adequação de Burguês-níquel, de Ode ao Burguês de Mário de Andrade

Músicas usadas: Mulher Vermelha, 17 anos, O Tempo não pára, Burguesia, Lobo mau da Ucrânia, Preconceito, Pro dia nascer feliz. E uma frase da popular Imagine de John Lennon: Imagine no possessions.

Em, “... um novo filho...” – Filho – faz uma apologia ao Estado, que é produto da disputa entre as classes, portanto, filho dessas, essa construção foi de Atnágoras Lopes que escreveu em uma poesia de sua autoria.

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