O sol forte obrigou aquele senhor e a criança
procurar uma sombra para repousar. Era o último sábado de junho de 2012, à
sombra da mangueira, o idoso com mais de 70 anos, acompanhado de um menino de
aproximadamente sete anos, sentou na calçada, passou a mão em seus cabelos
brancos, olhou para frente e ficou refletindo sobre a vida.
Pela janela do ônibus observei quando o idoso e
a criança atravessaram a rua e
adentraram à área da rodoviária. Uma calça cinza desgastada e uma blusa
branca de um tecido que um dia foi novo vestia o ancião. Seus pés tentavam ser
calçados por uma sandália tipo havaiana de cor preta, velha tanto quanto a
calça e a camisa. A idade pedia um apoio, o idoso caminhava amparado em um cabo
de vassoura vermelho com o plástico preto em sua ponta, era a sua bengala. Em seu rosto, o cansaço era visível. As rugas, as marcas do tempo.
A criança não estava muito atenta ao idoso.
Estava preocupada em comer. O relógio marcava 12:05h. Saboreava um salgado,
desses vendido nas esquinas, acompanhado de um suco de cor clara, o qual não consegui
decifrar, com o suor escorrendo em seu rosto de pele negra. Depois de
atravessar a rua sentou na calçada junto ao idoso sob a sombra da mangueira,
continuava mordendo o salgado e ingerindo o suco. Usava uma calça jeans azul,
vestia uma blusa vermelha, em suas costas carregava uma mochila preta com
detalhes azul, combinando com a cor da sua havaiana.
O idoso falava algumas palavras ao menino. Ele
respondia. Era uma conversa com frases curtas. Parece que poucas palavras são
necessárias para que se compreendam. Acho que o menino deveria ser neto ou
bisneto daquele senhor. O que me chamou atenção foi fato de que ao avançar da
idade precisamos de suportes físicos como uma muleta, mesmo uma improvisada
como um cabo de vassoura. Como também precisamos de suportes humanos, mesmo que
seja uma criança de sete anos que está mais preocupada em comer seu salgado e
saborear seu suco.
O ônibus seguiu viagem, a próxima parada seria
Fortaleza, meu destino. Fiquei olhando atentamente para os dois até minha vista
não mais alcança-los. No fundo fiquei me perguntando como será minha bengala?
Quem será meu acompanhante? A velhice vem, assim espero.
Fortaleza/CE,
01 de junho de 2012
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