A terra árida, os rios sem águas, o verde que
resiste ao longe confirmam que estou no sertão. Mas isso pouco vale, pois os
vidros não deixam eu sentir o cheiro da terra, o vento bater em meu rosto,
muitos menos ouvir o canto do carcará, a ave que pega, mata e come.
O que tenho ao meu redor é um completo silêncio,
é como se eu estivesse só. A pessoa ao meu lado direito dorme, assim como 90%
dos demais presente no veículo. Ao meu lado esquerdo, uma senhora negra, cabelos
escovados, coberta com uma manta xadrez, ler para ver o tempo passar. Acho que
é a única que está preenchendo seu tempo com algo mais útil. Seu óculos
charmoso de cor marrom ajuda na leitura ao mesmo tempo em que deixa sua face
mais bonita.
A minha frente, a vaga destinada aos idosos está
vazia. Pela madrugada, um senhor que falava alto e tossia como uma guariba,
desceu no sertão pernambucano. Sem sua presença o vazio aumentou sua proporção.
A tosse do idoso pelo menos me avisava que não estava sozinho.
Neste momento, esse é o terceiro motorista que
nos conduz. Nunca soubemos o nome de nenhum deles. Nunca se apresentaram, não
disseram boa tarde, boa noite, bom dia, desde a partida em Aracaju. A única
coisa que sei deste que nos conduz é que gosta do Queen e forró pé de serra,
sonoridade que rolou ao amanhecer.
São 09:14h, o google informa no mapa que estamos
em Mossoró, no Rio Grande do Norte. Agora que vamos tomar café. Por isso, vou
parar de escrever, estou com fome.
16/07/2012
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